top of page

Por que países liderados por mulheres se destacam no combate à pandemia?

  • Foto do escritor: Lanume Weiss
    Lanume Weiss
  • 6 de fev. de 2021
  • 4 min de leitura

O ano de 2020 pôs à prova as lideranças políticas. Em meio à pandemia, é possível notar como líderes mais conservadores, feito Donald Trump e Jair Bolsonaro, enfrentam críticas sobre os métodos de enfrentamento à Covid-19. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, os Estados Unidos e o Brasil ranqueiam o gráfico de número de casos, possuindo cada um, respectivamente, 181,6 mil e 120,4 mil mortes confirmadas de Coronavírus - até dia 28 de agosto.


No entanto, outros países encaram este período com um menor número de óbitos, por exemplo, Islândia, Nova Zelândia, Taiwan - todos governados por mulheres. Durante a atual crise global de saúde, estas líderes femininas vêm sendo elogiadas pelas medidas de combate à pandemia. Muito mais do que fatores sociais e econômicos que favoreçam estes países, a capacidade e competência destas mulheres de governar uma nação não diz respeito a questões biológicas, mas provavelmente de trajetórias sociais vividas por elas.


Cada líder respondeu à crise de forma diversa, justamente pelas inúmeras realidades, tanto socioeconômicas, quanto disponibilidade de recursos, de cada país - aspectos nos quais o gênero não tem influência. Porém, a abordagem de gerenciamento da Covid-19 é o que difere a liderança feminina da masculina.


Quando colocados em situação de liderança, às vivência de ambos os gêneros podem ter influência nas decisões tomadas por eles. Mulheres, socialmente falando, durante toda vida, experienciam diferentes papéis e responsabilidades impostas pela sociedade, afetando as perspectivas e, consequentemente, as decisões tomadas por elas. Ou seja, no padrão que toda a sociedade foi exposta, durante todos esses anos, é aceitável que mulheres sejam líderes mais empáticas e colaborativas, em contrapartida, é esperado que homens sejam mais egoístas e competitivos.


Ambos presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro, cujo países encaram o pico de número de casos e mortes por Coronavírus, mantém uma postura autoritária e conservadora, além de negar fatos científicos e contrariem órgãos de saúde pública. Exemplo o Brasil, durante a pandemia deteve três comandantes diferentes do Ministério da Saúde.


Como diversas líderes mulheres enfrentaram à pandemia


Taiwan, entre seus 24 milhões de habitantes, registrou, até final de agosto, apenas sete mortes pela Covid-19. A presidente Tsai Ing-wen agiu precocemente, aumentando a produção de equipamentos de proteção individual (EPIs), garantindo um estoque de máscaras no Estado. O governo também proibiu a entrada de visitantes da China, Hong Kong e Macau, além de implementar um software que permitiu às pessoas relatarem histórico de viagem e sintomas de doenças.


Já a Islândia, apesar de um número menor de habitantes, totalizando 364 mil, registrou dez mortes. A primeira-ministra da Islândia, Katrín Jakobsdóttir, testou massivamente a população e propôs medidas restritivas de isolamento logo em janeiro - antes do registro do primeiro caso da doença. Agora, diante do aumento de casos globalmente, a Islândia segue sem nenhum caso novo da Covid-19.


A Nova Zelândia, no mês de agosto, completou cem dias sem transmissão de Coronavírus. O país, com 4,8 milhões de habitantes, registrou somente 22 mortes. Sob o comando da primeira-ministra Jacinda Ardern, a Nova Zelândia adotou uma quarentena rígida e precoce, fechamento das fronteiras, testagem em massa e rastreamento de contatos. Em agosto, o governo anunciou a passagem do estado de emergência no país para o Alerta 1 - menor nível da pandemia.


Apesar de tudo, também há países liderados por mulheres em situação de vulnerabilidade em meia à pandemia. Como no caso de Bangladesh, com 161,4 milhões de habitantes, que abriga um dos maiores campos de refugiados do mundo. Os Médicos Sem Fronteiras estão enfrentando escassez de EPIs, além dos quase um milhão de refugiados vivendo em condições de superlotação e insalubridade, o que torna ambos particularmente vulneráveis à Covid-19. O distanciamento físico neste contexto é quase impossível.


Entretanto, o número de mortes em Bangledesh não é tão alto quanto EUA e Brasil, a primeira-ministra Sheikh Hasina conseguiu conter o número de casos, registrando pouco mais de quatro mil mortes por Coronavírus.


No caso de líderes homens que não se encaixam neste estereótipo "conservadores e egoístas", também enfrentam à pandemia de forma eficaz. A Grécia, governada pelo primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis, priorizou o aconselhamento científico e adotou medidas precoces de distanciamento social — antes que suas primeiras mortes fossem registradas. Com uma população de 11 milhões de habitantes, o país registrou pouco mais de 260 mortes.


Outro exemplo de boa liderança masculina é do presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in. O país, que tem cerca de 52 milhões de habitantes, registrou 324 mortes por Coronavírus. A Coreia do Sul realizou a mesma medida preventiva que os países modelos já citados: testagem massiva, isolamento rígido e controle de sintomas de doenças.


Muito mais que gênero


Apesar da boa liderança feminina em meio à pandemia, as mulheres ainda são minorias na representação política. Em uma pesquisa da União Parlamentar de 2018, constatou-se que apenas 10 de 153 chefes de estado são do sexo feminino. Apenas um quarto dos membros dos Parlamentos do mundo são mulheres.


Homens não são melhores liderando, tanto quanto mulheres não são menos capazes disso. Não é questão de gênero, não é biológico. Ambos necessitam de competência para governar e liderar uma nação. Política é sobre cuidar de toda uma sociedade, sem exclusão, conversando e expressando opiniões para entender as diversas diferenças de cada grupo e/ou pessoa.


Seja por conta de experiências vividas, ou por questões sociais impostas, as líderes femininas da Islândia, da Nova Zelândia e de Taiwan desempenham papéis exemplares no combate à Covid-19, tanto quanto os líderes masculinos de países modelos de enfrentamento da pandemia. E é de vital importância que este patriarcado seja afrontado, para que mulheres ocupem cargos parlamentares em equalidade a homens, porque estas são tão competentes quanto.


Comments


JORNALISTA

LANUME WEISS

bottom of page